domingo, 24 de outubro de 2010

Procura-se um sorriso

Eu estava andando com uns amigos em Nova Iorque e, eu estava tão feliz, rindo à toa.
Eu, meus amigos e a melhor viagem de nossas vidas.
Estávamos caminhando numa pequena rua próxima à Broadway, cheia de barzinhos charmosos e eu desejei desesperadamente ser maior de vinte e um anos para poder entrar e me sentar num daqueles lugares, mas não precisei ser maior de idade ou entrar e ocupar uma mesa para avistar o sorriso mais lindo do mundo.
Eu sou daquelas que fica abobada com qualquer um que tenha uma beleza fora do comum, mas desde aquele dia, eu ainda venho procurando por um sorriso igual àquele.
Eu posso descrever o lugar e ele, mas não poderia descrever, nem com todo o esforço que houvesse dentro de mim,as pessoas que estavam em volta, não consegui reparar em mais nada.
Um bar com fachada de madeira e detalhes em verde escuro, aberto, sem portas - agradeço a ausência de portas, só assim não haveria nada para bloquear minha visão - e eu cheguei à conclusão que era bom, pois haviam muitos clientes por lá.
E ele... Cabelos bagunçados, meio escondidos por um chapéu, wayfarer preto, camisa branca e tatuagem em um dos braços. E ele sorriu, me fazendo sorrir junto com ele.
Pena que essa visão deve ter durado uns dez segundos, no máximo. Como eu disse, estávamos caminhando.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Oh, meu Brasil

A aula de geografia de hoje me fez refletir sobre uma coisa que vem me perturbando há séculos: o valor que atribuímos à nossa pátria.
O brasileiro já nasce com a síndrome de inferioridade, é só perguntar a qualquer jovem em que país gostaria de ter nascido e vai ver que o nosso não será uma das opções. Não vou ser hipócrita a ponto de afirmar que nossa nação não tem defeitos, porque ela tem, e não são poucos. Pobreza, fome, desemprego, analfabetismo, corrupção e violência é só o inicio.
Mas também temos uma das maiores economias do mundo, fomos um dos últimos países a entrar na crise mundial e um dos primeiros a sair dela, nossas riquezas naturais nem se comparam com as das chamadas "grandes potências", sem falar do carnaval e do futebol.
Brasil não é periferia, acabem com esse pensamento. Parem de pensar que ao sair daqui encontrarão o paraíso, não vão. Precisamos acabar com a ideia de que não temos condições de melhorar, tudo isso é questão de tempo e educação.
Precisamos deixar de ser um país governado pela mídia e passarmos a ter nossos próprios ideais de luta, sem hipocrisia e sem aquele patriotismo passageiro que só aparece em período de copa do mundo.

Meus agradecimentos a Marcelo Monte - meu professor de geografia - e ao meu pai, sem eles eu não teria escrito esse texto e seria apenas mais uma alienada nesse mundo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sophia IX

Dia após dia as coisas foram acontecendo, logo se passaram meses e a convivência já era rotina. Esteban já conhecia a família de Sophia e já se tornara amigo de Vicente, no inicio houve um pouco de relutância da parte do amigo, era estranho para ele ter que dividir a atenção de Sophia. Sentia-se substituído, ele que ouvia seus segredos e cedia um ombro amigo quando ela precisava, fora assim desde sempre. Haveria espaço para mais um?
Felizmente, uma das poucas vantagens que a passagem de tempo nos traz é a capacidade de adaptação. As feridas não se fecham, porém vão perdendo espaço para outros acontecimentos, e assim encontra-se remédio para quase tudo.
Os três não tinham nada de incomum, passavam os dias conversando sobre assuntos aleatórios e todas essas bobagens de adolescentes, curtiam o mesmo tipo de música, filmes e livros, a única coisa que os diferenciava visivelmente era a aparência, Esteban com suas mechas de cabelo desorganizadas, seus tênis imundos e seus jeans surrados, Sophia com toda sua delicadeza, cabelos ondulas, vestidos florais e sapatilhas sem salto e Vicente com seus cabelos bem cortados, olhos claros - escondidos atrás de grossas lentes -, blusas de botão e sapatos lustrosos.

Eram cerca de nove da noite, estavam num barzinho e tudo parecia bem normal. Os papos iam fluindo e eles bebiam pequenas doses, mas logo as alterações no humor iam ficando visíveis. Não era costume de Sophia e Vicente beber tanto quanto naquele dia, mas Esteban já estava mais do que acostumado. Logo Vicente ficou chapado e não cansava de repetir suas doses, Sophia lançou-lhe um olhar preocupado, ela nunca tinha o visto assim. Apertou forte a mão de Esteban buscando algum apoio.
- Chega cara, vamos pra casa. Por hoje basta. - E essas palavras saídas da boca de Esteban foram suficientes para despertar a fúria do outro.
- Ah, cala a boca. Acha que eu não aguento?
- Claro que não, olha o teu estado. - O clima foi esquentando, Sophia ficava cada vez mais preocupada.
- Você roubou de mim o que eu tinha de mais precioso. - Pronunciou essas palavras aos sussurros, mas foi o suficiente para que os outros dois ouvissem, ele estava aos prantos, logo as lágrimas também começaram a cair do olhos de Sophia.
Esteban ficou sem reação. Sophia com seus batimento acelerados. Vicente com lágrimas nos olhos e sem coragem para falar mais nada.
Bateu forte com o copo na mesa - a essa altura já estavam os três de pé - e saiu correndo sem ter certeza em que direção estava indo.

"..."