quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sophia III

Haviam lugares os quais ela adorava frequentar, sua cidade era minúscula, mas no fundo ela nem ligava tanto assim, sentia falta de alguns bons concertos de folk e indie rock e enjoava de ver sempre os mesmos rostos na rua, mas esse não era o problema principal.

Era bem certo que ela queria achar seu lugar no mundo, e que ela tinha certeza que não era aquele.

Sophia estava na biblioteca, que na lista de lugares preferidos, só perdia para o seu quarto. Folheava livros cada vez mais interessantes e envolventes. Haveria coisa melhor que o cheiro de livros novos e o silencio interrompido de vez em quando por barulhos aleatórias de portas abrindo e fechando, folhas passando e tics de caneta?

Uma dessas batidas de porta chamou sua atenção, não pelo barulho ou pela força investida na maçaneta, e sim por quem entrou naquele lugar. Ela nunca tinha o visto antes, teria se lembrado daqueles fios de cabelos castanhos levemente assanhados. Prestou atenção o suficiente para notar seus olhos claros de ressaca, como os de quem troca suas noites de sono por um bom filme francês. Ela não sabia como deduziu isso, só deixou a imaginação fluir demais ou enxergou nele um espelho de sua alma.

Ele foi direto para a sessão de literatura antiga, coincidência ou não, a preferida de Sophia.



"Quando eu vi você, não soube o que falar
Por medo de ouvir uma resposta que iria me fazer ficar"

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